Repolho estava cansado do clima que pairava na casa de veraneio. Ele podia compreender profundamente o que se passava na cabeça de Allan. A história de uma dama e um vagabundo raramente dá certo, embora na ficção um final feliz fosse comum.
O rapaz de pele morena e estatura alta se afastava. Curtia a sensação de afundar os pés na areia. Pendura a camiseta na cabeça e aos poucos saboreia o biscoito de cebola. Mais a frente avistou uma jovem cheia de curvas; cabelos longos que balançavam na altura da cintura. Seus olhos pousaram nas poucas sardas que ornavam o rosto dela. Aquele pequeno momento de êxtase foi interrompido quando ao morder o biscoito, pegou e mordeu acidentalmente a própria língua.
- Aaai!!! – Disse pulando com uma perna só.
Lembrou-se da jovem esbelta que estava observando. Torceu os lábios e engoliu a seco. Aquela seria a pior maneira de c
“A vida segue mesmo longe de você. Todas as suas lembranças ficarão guardadas dentro de uma caixa; talvez com os anos fique empoeirada... a minha memória um dia pode vir a falhar. Mas espero que sempre reste resquícios seus dentro de mim. Que recomeçar não seja apenas olhar para trás, e sim reformular os passos antigos e rever os erros cometidos, pois se há algo pra recomeçar: significa que há erros para consertar. “- Minha irmã!!! – Cris correu para abraçar a caçula quando ouviu o ruído da porta de casa sendo aberta. Poder ver e tocar Bella lhe trazia um grande alívio.- Senti sua falta!! - Deixa lágrimas escaparem.- Você está bem? – O irmão a analisa por completo, caçando rastros de violência.- Vou ficar. – Força um sorriso. - Só preciso de um banho agora. &n
O sol adentrou o quarto de Bella. A jovem mal havia pregado o olho aquela noite. Seus pensamentos lhe traiam constantemente. Só conseguia lembrar do olhar inicial trocado com Allan, o primeiro abraço que havia sido tão protetor. Os lábios quentes do rapaz, a voz rouca soprando em seus ouvidos. Desde o dia em que suas vidas se cruzaram foi decretado: ele seria o seu primeiro e verdadeiro amor.- Minha ruiva. – Ouviu a voz de Malu antes de ser esmagada pelo seu corpo.- Está me sufocando. – A voz de Bella saiu abafada.- Senti tanto a sua falta!! – A jovem de cabelos castanho cumpridos exalava alegria ao ver a amiga novamente.- E eu a sua. – Se senta na ponta da cama.- Não vou perguntar nada, quando estiver pronta para dizer eu vou estar aqui para te ouvir – Malu se mostra compreensiva.-
“ Não se pode alterar as consequências do futuro. Você só pode controlar suas escolhas no presente.”O clima pesado se instalou no anexo. O silêncio que pairou era ensurdecedor. Allan esperava a resposta de Hulk. Desafiava o amigo, encorajando-o a ser homem e falar a verdade.- Tu quer saber mesmo? – Balançou o ombro. – Eu meti uma bala na cabeça do teu pai. – Sua voz soou indiferente. Allan e Repolho abriram e fecharam a boca de modo petrificado. – Ah!! Como ele implorou pra não morrer. – Complementou maldoso. Querendo esfregar na cara do chefe o mal que lhe causou.- Miserável!! – Allan vai para cima dele, fazendo com que derrubasse a arma no chão.O jovem com apelido de legume engoliu a seco. Surpreso demais para reagir.- Por quê ?? – Allan enrosca a mão no pescoço de Hulk. - Foi o Gastão que mandou
" Certas coisas não voltam mais... simplesmente se vão”.Bamm!!O som do disparo é alto...Vagarosamente, com as mãos trêmulas, Allan abre os olhos.A porta do escritório na boca balança, fazendo ruído na mesma medida em que Allan deixa a metralhadora escapar de suas mãos. Ele acompanha o amigo virado de costas, cair para trás. Com dificuldade o segura e fica de joelhos colocando-o com cuidado no chão. Engole a seco ao ver a quantidade de sangue que mancha a camisa do rapaz e escorre pelo piso.- Por quê fez isso? – Pergunta aos prantos. – Essa bala era para mim, não para você. – Seus olhos azuis enchem-se de lágrimas.- Allan... – Repolho diz com dificuldade. – Você tem sonhos bonitos. Não importa o que acontecer... não deixe de se redimir e levar uma vida normal. – Sente s
A semana passou rapidamente, Bella retornou às aulas e recebeu uma enxurrada de matérias que havia perdido. Estava em casa, mordiscando a ponta da unha, entediada naquele dia de extremo calor.- Que tal um cineminha hoje? – Cris se joga no sofá onde a irmã está.- Estou com preguiça para ver filme. – Deita a cabeça em seu ombro. – Fiquei com cãibras no olho e nas mãos de tanto estudar.- Então podemos comer algo e dar uma volta; chama a Malu. – Bagunçou os cabelos dela.- Agora está cheio de gracinha para cima dela... só observo. – Gesticula com as mãos.- Ela não me trata mais como antes. – Baixa o olhar – Eu fiz tudo errado.- Você foi um completo jumento. É injusto com ela, sabe? Só porque você descobriu que a Paty não era quem voc&ec
Não era possível vencer a dor que o silêncio causava. A comunidade inteira permanecia de luto. Allan sentia muita falta do seu fiel amigo. O dono do morro segurava nas mãos a parte do dinheiro de repolho; exatamente no mesmo lugar em que seu parça estava antes de partir. Vasculhou a casa de Hulk e não encontrou um mísero real.Fontes haviam revelado que o traidor estava no morro rival. Allan ordenou dois de seus parceiros para ficarem vigiando Bella; sabia o quanto Hulk era vingativo. Com certeza planejava tocar em seu ponto fraco, e naquele caso era a ruivinha.Engoliu a seco enquanto cerrava os punhos.Gostaria de ver o sorriso dela, os olhos esmeraldas, e acariciar aqueles cabelos tão cheirosos. Desejava abraçá-la e não soltar mais. No entanto, não poderia realizar esse desejo. Não naquele momento.Na comunidade haviam muitas pessoas honestas, trabalhadoras. Allan
Malu havia crescido com Bella e Ryan. Cris era o mais velho, no entanto sempre esteve próximo deles. A jovem de feição doce cresceu admirando o irmão de sua melhor amiga. Não conseguia vê-lo com outros olhos.Ela observava Cris, que com destreza movia o volante. Seus pensamentos davam voltas e mais voltas.Talvez todo o amor que sentiu há tantos anos, fosse algo platônico. Uma espécie de desejo inalcançável. Cris sempre foi rodeado de meninas, e ela sabia que dificilmente teria a atenção dele para ela. É chato e doloroso quando a pessoa amada não lhe vê do mesmo jeito… quando não existe reciprocidade.Seu coração partiu em vários pedacinhos e seu mundo pareceu desabar quando descobriu que ele estava namorando. Parecia um relacionamento sério: Cris radiante de felicidade. E Malu, se sent
Bella permanecia com os olhos arregalados. Fez menção em fechar a janela, no entanto a voz do rapaz fez com que ela parasse.- Não fuja, por favor! – Diz em tom baixinho, mas audível.- O que você quer? – Engole a seco, sentindo um aperto no peito.- Desce aí, a parada é séria. – Encarou ao redor.- Não, eu...- O Allan não está legal. – Tentou dar alguma justificativa que a fizesse descer. – Aconteceu uma treta lá no morro e ele se feriu, o chefe só chama pelo seu nome.- Eu já estou indo. – Sem pensar duas vezes, Bella puxa a calça e o casaco de moletom. Não faz ruídos ao descer até o primeiro andar.O rapaz que a esperava esteve no dia do resgate, foi um dos parceiros de Allan que ajudou naq