Capítulo 11

Elliot esticou o braço pela janela do carro.

Preso entre seus dedos finos havia um pacote de lenços de papel.

Avery ficou atordoada. Ela estava prestes a recusar, mas acabou aceitando.

"Obrigada."

O calor de sua palma ainda permanecia nos tecidos.

Elliot rapidamente desviou o olhar do rosto dela e fechou a janela enquanto o carro acelerava.

Eram dez da manhã na Indústrias Tate, e todos os seus funcionários estavam trabalhando em seus respectivos setores.

Fazia um mês que a empresa não pagava os salários. No entanto, a Indústrias Tate era uma jogadora antiga na indústria. Mesmo que todo tipo de notícia negativa circulasse na internet, seus funcionários se recusaram a desistir até o último instante.

Se ela não soubesse das muitas dívidas da empresa, Avery não podia imaginar que a atmosfera calma à sua frente fosse uma ilusão.

Ela entrou na sala de reuniões com o vice-presidente da empresa, Shaun Locklyn.

O advogado foi direto ao ponto quando viu Avery e disse: "Sinto muito por sua perda, Srta. Tate. Seu pai me encarregou de anunciar seu testamento, que vou fazer agora".

Avery assentiu levemente.

O advogado abriu um arquivo e disse com firmeza: "Seu pai tinha seis imóveis que estão localizados respectivamente em... Aqui está o arquivo. Por favor, examine."

Avery pegou o documento e o examinou minuciosamente.

"Seu pai também tinha três estacionamentos", disse o advogado enquanto passava outro documento para ela, "assim como oito lojas e doze veículos".

Avery não sabia nada sobre a fortuna da família.

Em primeiro lugar, ela não tinha interesse nisso.

Em segundo lugar, seu pai nunca havia explicado isso a ela.

Agora que o advogado estava descrevendo a fortuna de seu pai para ela, ela não podia deixar de sentir uma sensação de desconforto.

Ela não tinha ideia de que seu pai era tão rico.

Já que ele tinha todos esses ativos fixos, por que não os vendeu e usou o dinheiro para tratar sua doença?

"Além dos ativos mencionados, há também a empresa na qual estamos sentados agora", disse o advogado. Então, após uma breve pausa, ele acrescentou: "Seu pai planejava deixar a empresa para você, mas a empresa está operando no negativo.”

Avery olhou para o advogado e disse: "De quanto?"

Shaun ajustou os óculos e disse: "O déficit atual é de cento e vinte e cinco milhões. Se você assumir a empresa de seu pai, também herdará a dívida dele. Você pode ter que vender todas as propriedades e carros que foram mencionados agora para compensar esse déficit."

Avery ficou atordoada.

Cento e vinte e cinco milhões!

Mesmo que ela vendesse todos os bens de seu pai, ainda não cobriria cento e vinte e cinco milhões!

"Você pode optar por não aceitar isso, Avery. Dessa forma, a dívida de seu pai não cairia sobre você", disse Shaun com uma expressão mal-humorada. "No entanto, espero que você considere isso seriamente. Esta empresa é o trabalho da vida de seu pai. Você realmente tem coragem de deixar ela fechar?"

"E quanto a Wanda e Cassandra?" Avery perguntou depois de respirar fundo.

"Nem me fale da sua madrasta! Uma parte de culpa é dela que a empresa está desse jeito. Ela conseguiu que seu irmão se juntasse ao nosso departamento financeiro alguns anos atrás. Ele desviou muito dinheiro da empresa ao longo dos anos. Nem sei para onde ele fugiu agora", suspirou Shaun.

Avery colocou as mãos na testa, e sua voz tremeu quando ela disse: "Eu também não quero ver a empresa do meu pai cair, mas onde eu vou encontrar todo esse dinhei-"

"Pegar emprestado!" disse Shaun. "Chegamos ao fim de nossa pesquisa e desenvolvimento de novos produtos. Se conseguirmos um empréstimo, assim que lançarmos o novo produto, a gente consegue aliviar um pouco nossos problemas financeiros."

"E quem ia emprestar dinheiro para a gente? Quem ia poder me dar tanto dinheiro assim?" Avery disse enquanto levantava os olhos em descrença.

"Os bancos", respondeu Shaun. "Se os bancos não derem a você, podemos encontrar outro investidor. Temos que tentar. Se conseguirmos, ótimo. Se não der, você pode desistir. O que você acha?"

***********************

No escritório do presidente, no último andar do Grupo Sterling, o sol brilhava através das imaculadas janelas do chão ao teto.

De costas para o sol, as feições esculpidas de Elliot pareciam extraordinárias.

Ele estava segurando um documento que seu assistente, Chad Rayner, trouxe para ele.

"Sr. Foster, as Indústrias Tate estão enfrentando uma dívida de cento e vinte e cinco milhões de dólares. A esposa e a filha mais nova de Jack Tate pegaram um voo cedo para fora do país esta manhã. Não parece que elas voltam antes que os problemas da empresa sejam resolvidos. Acho que a senhorita Tate provavelmente desistirá das Indústrias Tate. Cento e vinte e cinco milhões é uma quantia impossível para ela", explicou Chad.

Elliot havia pedido informações sobre as Indústrias Tate, então ele percebeu que seu chefe estava interessado no assunto.

"Vamos fazer uma aposta, Chad!"

O diretor financeiro do Grupo Sterling, Ben Schaffer, estava mexendo em sua xícara de café enquanto seus olhos se estreitaram como os de uma raposa.

"Eu aposto que Avery Tate vai pedir ao Elliot por um empréstimo. Ela está em uma posição favorável para desfrutar de certos benefícios. Se ela pedir o dinheiro para o Elliot, eu acho que ele vai pelo menos emprestar um pouco para ela."

Chad balançou a cabeça e disse: "Duvido que ela tenha coragem de fazer isso."

Ben tomou um gole de café e riu: "Você não viu ontem à noite. Ela quebrou uma garrafa de vinho de 1947 na nossa frente e foi contra Chelsea. Ela pode parecer gentil, mas ela é mais geniosa que a Chelsea."

"Tá bom, então. Eu vou fazer uma aposta com você!" Chad respondeu.

"E o que a gente vai apostar?"

"Se eu perder, te compro café por um mês. Se você perder, tem que comprar café para todos no departamento do presidente por um mês. Que tal?"

"Ok."

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Naquela tarde, Avery ligou para todos os grandes bancos.

As coisas não eram tão simples como Shaun fez parecer que fossem.

Ela ligou para oito bancos, dois dos quais a empresa ainda devia dinheiro.

Claro, os outros dois bancos também não se atreveram a conceder um empréstimo.

"Avery, aqui está uma introdução detalhada ao nosso novo produto. É um produto muito promissor. Vou pensar em um jeito de marcar uma reunião com os gerentes dos outros dois bancos. Vá e vista alguma coisa legal, depois tenha um bom encontro com eles", disse Shaun enquanto entregava a Avery um arquivo grosso.

"Por que eu preciso me trocar? Não posso simplesmente ir assim?" Avery perguntou.

"Você não usa maquiagem, então não está com a melhor aparência possível. Pode parecer desrespeitoso no mundo dos negócios", respondeu Shaun.

"Deixa eu dar uma olhada no perfil do produto primeiro", disse Avery.

"Tudo bem. Vou entrar em contato com os gerentes do banco. Eu te aviso assim que organizar isso", disse Shaun.

Chad recebeu algumas informações às seis da tarde.

"Parece que nós dois perdemos, Sr. Schaffer", disse Chad. "Surpreendentemente, Avery Tate não desistiu das Indústrias Tate. Além disso, ela vai se encontrar com os gerentes do Banco River City e do Banco Silver Linings para jantar hoje à noite."

Ben ficou desapontado.

"Aqueles dois velhos são famosos por serem uns safados! Ela está indo direto na cova dos leões! Acho que ela não sabe dos perigos da sociedade, já que ainda não se formou na faculdade. Não consigo entender por que ela simplesmente não vai até o Elliot. Ele é o marido dela, mesmo que apenas de nome. Ela acha que ele é menos do que aqueles dois velhos desprezíveis?”

Chad deu uma olhada no rosto de Elliot.

Estava assustadoramente escuro.

No fim das contas, Avery ainda era a esposa de Elliot no nome.

Se ela fosse encontrar aqueles dois velhos naquela noite, seria um golpe para o orgulho de Elliot.

Chad se sentiu sufocado ao pensar em seu chefe sendo feito de bobo.

Com o temperamento de Elliot, se Avery realmente o traísse, ela teria um fim feio.

"Devo ligar para a Srta. Tate, Sr. Foster?" Chad disse depois de pensar por um momento.

Elliot cerrou os punhos com tanta força que os nós dos dedos ficaram brancos.

"Não entre em contato com ela!" ele estalou com uma voz rouca.

Ele queria ver se Avery realmente ia agir desse jeito imprudente pelas costas dele.

Ben tossiu levemente, então disse: "Você quer tomar uma com a gente? Eu pago!"

A expressão de Elliot se tornou sombria. Ele fechou seu laptop, então rolou sua cadeira de rodas.

Seu guarda-costas o seguiu de perto e o escoltou para fora.