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Capítulo 4

Ele aceitou quase que imediatamente, sem vacilar.

Enlacei seu pescoço com os braços, com um leve sorriso, olhando-o intensamente.

— Dez por cento, você está realmente disposto a me dar isso?

— É para você, não para um estranho. — Seu olhar era sereno quando redarguiu;

Naquele momento, eu tive de admitir que o dinheiro era mesmo uma excelente maneira de mostrar lealdade. A emoção que suprimi durante toda a tarde finalmente encontrou alívio. Quase como querendo provar algo, perguntei sorrindo:

— E se fosse a Rosa, você daria?

Lucas vacilou por um instante até que finalmente, os seus olhos encararam os meus.

— Não. — Ele respondeu com veemência.

— Sério?

— Sim, tudo que posso oferecer a ela é aquela posição.

— Vou pedir para o Felipe Moura te entregar o contrato de transferência de ações esta tarde. — A voz estava mais calma e firme quando Lucas me abraçou. — A partir de agora, você é uma das proprietárias do Grupo Franco. Os outros, vão trabalhar para você.

— E quanto você? — Bem-humorada, perguntei-lhe com um sorriso.

— Eu? — Lucas elevou uma sobrancelha.

— Você vai trabalhar para mim?

— Claro!

Ele riu, afagando minha cabeça e se inclinou.

— Estou aqui para te servir de várias maneiras possíveis, — a voz rouca surrava palavras atrevidas perto do meu ouvido.

Senti meu rosto queimar e lancei-lhe um olhar reprovador. Ele sempre foi assim, parecendo sério e distinto, mas ocasionalmente, soltando um comentário desses, capaz de fazer qualquer um corar.

Vendo meu humor melhorar, ele olhou para o relógio.

— Preciso subir para uma reunião. Hoje à noite precisamos ir à casa do vovô para jantar, vou te esperar no estacionamento.

— Entendido!

Não recusei, a minha mente já fazia planos.

— Amor, eu tenho uma surpresa para você essa noite, — falei.

Nos últimos dias, estava indecisa sobre contar a ele da gravidez, após o incidente do colar.

Já que ele conseguia distinguir claramente o peso entre mim e Rosa, então não deveria mais esconder isso dele.

— Que surpresa? — A sua curiosidade era evidente, como sempre, ele queria saber de tudo na hora.

— Vou te contar depois do trabalho, me espere. — Fiquei na ponta dos pés e dei-lhe um beijo rápido, sem dar mais atenção a ele.

Depois que ele saiu, finalmente consegui me concentrar totalmente nos meus esboços de design. Não sei quanto tempo passou, quando bateram à porta do escritório outra vez.

— Pode entrar. — Sem levantar a cabeça, respondi.

— Nora, estou te atrapalhando? — A voz gentil de Rosa soou.

— Um pouco! — Fui sincera.

Não gosto de ser interrompida quando estou focada nos designs.

Rosa parecia um pouco constrangida, mas continuou:

— Desculpe, não tive intenção de incomodar. Só soube agora que a posição de diretora de design deveria ser sua, e acabei pegando sem querer. Vim pedir desculpas.

— Não tem problema!

Lucas já havia me compensado por isso. Dez por cento das ações, eu nunca ganharia tanto dinheiro trabalhando como diretora de design.

Talvez por eu parecer tão desinteressada e relaxada, ela ficou surpresa.

— Tem certeza que está tudo bem? Se você se sentir mal, é só falar comigo, posso mudar de departamento. Não quero que você fique chateada por causa disso. — Ela acomodou-se no sofá.

— Rosa, eu não estou chateada, pode ficar no departamento de design.

Melhor não ter mais confusão. Temo que, com as ações em minhas mãos, ela acabe levando a empresa à falência. No departamento de design, pelo menos posso controlar a situação.

— Então está bom. Somos uma família, se estiver chateada, então fale comigo, não guarde para você.

Rosa parecia uma irmã mais velha, jogando seu cabelo para trás da orelha quando falou com uma voz suave:

— De qualquer forma, Lucas disse que posso escolher qualquer posição na empresa. Há anos não trabalho, então tanto faz para mim.

Não sei se era porque eu estava um pouco sensível, mas essa fala soou desconfortável aos meus ouvidos.

Como se ela fosse a pessoa mais próxima de Lucas e a verdadeira dona do Grupo Franco.

— Gerente Gomes! — Felipe Moura, vendo a porta aberta, bateu simbolicamente e entrou, entregando-me o contrato, — São duas cópias, dê uma olhada. O presidente já assinou, basta você assinar e ficar com uma cópia.

Lucas fazia realmente o que dizia.

— Está bem! — Abri o contrato, dei uma olhada rápida. Assinei o meu nome com eficiência e devolvi uma cópia para Felipe, com um sorriso educado: — Obrigado pelo esforço!

— Isso é um contrato de transferência de ações? — Rosa pareceu notar a capa do contrato.

A compostura tranquila e elegante de Rosa se desfez. As unhas cravando no estofado do sofá.

— Presidente Franco também está aqui? — Felipe olhou para Rosa, surpreso. — Continuem conversando, eu vou subir para reportar ao diretor.

Ele não respondeu diretamente à pergunta de Rosa. Fugiu enquanto pôde.

— Lucas te deu ações? — Nos olhos de Rosa havia um misto de curiosidade e incredulidade.

— Seja o que for, este tipo de coisa não precisa ser reportado ao Presidente Franco, certo?

Depois do incidente do colar, meu comportamento em relação a ela mudou, não era mais possível manter a paz como antes.

— Nora, por que estou sentindo uma certa indiferença da sua parte em relação a mim? — Rosa ficou de pé. Havia uma aparência de resignação em seu rosto enquanto ela falava sem parar. — Não sei se foi por causa do colar ou deste último incidente com o cargo, que fez você me vê com certa antipatia, mas por favor, acredite, eu nunca pensei em tirar essas coisas de você.-

— Essas coisas, na verdade, não me interessam, — retorqui com displicência.

Os meus pensamentos estavam tumultuados enquanto eu encarava a mulher que parecia sincera e honesta.

____________

Ao cair da tarde, eu coloquei na bolsa o teste de gravidez que eu havia colocado no bolo há alguns dias.

Eu estava preparada para avisar ao Lucas que ele ia ser pai. Senti um impulso em meus passos ao pensar na reação dele, quando descobrisse que eu tinha uma pequena vida dentro de mim. Mal podia esperar para compartilhar essa surpresa com ele.

O elevador foi direto para o estacionamento subterrâneo onde encontrei facilmente o Maybach preto. A figura alta e elegante de Lucas encostou-se no carro, esperando pacientemente por mim.

Eu me joguei em seus braços, sentindo a fragrância amadeirada única e o frescor que só ele tinha.

— Amor, você está esperando há muito tempo?

— Não!

Ele não me abraçou de volta como de costume, pelo contrário, parecia um pouco desconfortável ao me afastar.

— Entre no carro antes!

— Espera, deixa eu te contar sobre a surpresa primeiro. — Segurei-o.

— O que é?

Ele parecia menos entusiasmado do que no escritório naquela tarde. Lucas parecia um pouco distraído. Franzi a testa, mas não pensei muito nisso.

— Lucas, você vai ser… — encarando seus olhos escuros, comecei a falar.

A janela do passageiro baixou de repente, e uma voz apressada interrompeu bruscamente.

— Lucas, vocês não vão entrar no carro?

Daquele ângulo, eu estava cara a cara com Rosa, sentada no banco traseiro do automóvel. Olhei para Lucas, buscando uma explicação.

— Nora, meu carro foi para a manutenção, — Rosa tomou a iniciativa, com uma voz suave e delicada, ela continuou a explicar: — e como vamos para a mesma casa, eu tomei a liberdade de pegar uma carona com Lucas. Você não vai se importar com isso, certo?

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