Antes de Mike deixar Melídia em sua casa, enrolaram por tempo suficiente pra fazer todos, inclusive a mim, perder a paciência. Quando deram o beijo de despedia, suspiramos aliviados. Todos encararam Mike e ele soltou um "que foi?" Engraçado.
Estávamos perto da casa de Alec e passando pela porta da casa de Matt, não evitei olhar para os detalhes internos e como estava diferente da última vez que a vi. Matt reparou meu olhar.
- Saudades? - Sorriu convencido, seria um sorriso lindo, se não fosse dele. O ignorei andando mais de pressa acompanhando os outros.
Matt poderia ser um insuportável, mas tinha sua beleza invejável. Ao chegarem na porta da casa de Alec, Mike foi o escolhido para bater. A mãe de Alec saiu, uma senhora bem vestida e da classe de burgueses do Bosque. Estranhou a presença de tantos jovens.
- Sim?
- Olá, senhora Williams, eu sou o Mike, amigo de seu filho e nós queríamos saber se ele está bem - A mulher, com um olhar frio, franziu o cenho. Segurou a maçaneta da porta atrás de si e disse:
- Isso não é da conta de vocês - Indaga amarga.
- Oi, tia Wanda, sou eu, Matt - Matt se sobressaiu do grupo atraindo a atenção da velha senhora.
- Ah, Matt, como vai, meu querido? - Mudou totalmente seu humor quando dirigiu a palavra a ele. Mike fez uma careta e um gesto de desistência dando espaço para Matt.
- Eu vou bem, tia. E Alec? Queríamos falar com ele - Quando ouviu o nome de seu filho, ela trancou a porta com certa violência. Matt fez um sinal para esperarmos um momento mais.
Não deu em nada, ela voltou minutos depois e disse que Alec estava indisposto para receber alguém, ainda mais na quantidade em que estávamos, segundo ela, só iríamos fazer barulho e incomodá-lo.
Já estava tarde, e mais uma vez, eu voltava pra casa sozinho com o sol já posto. A casa de Mike era um pouco mais longe, mas dentro da aldeia. Matt se despediu e de repente eu caminhava sozinho com David, não trocamos uma palavra, ele só me olhava e eu olhava pra ele também. Exceto quando me disse um tchau, e é eu o respondi acenando.
Encarei o caminho de neve que levava até minha casa e como teria que passar por tudo sozinho de novo. Por que ninguém se ofereceu pra me levar? Eu não recusaria dessa vez!
Não ouvi barulhos enquanto andava, nem vozes ou nada do tipo, e se tivesse, eu não iria olhar pra trás. Minha capa me poupava do medo de olhar e encontrar algo me encarando pronto para fincar suas presas e garras em mim.
Cheguei em casa e fui direto pra cama. Algo dentro de mim dizia que havia algo de errado com Alec e que eu teria que descobrir.
No dia seguinte. Uma notícia assolou os moradores. O sumiço de jovens e crianças. Em minha mente só me veio Alec, mas a "confirmação" de que ele estava em sua casa quase me tranquilizou.
Seria possível? O lobo que vi causava isso? De um dia pro outro, todos andavam com medo. Foi incrível a mudança de expressões sorridentes para preocupadas. Faltava pouco para o Baile de Neve e não havia mais empolgação.
Estávamos nas aulas de Costumes. A sala estava dividida em dois grupos, enquanto meninas aprendiam a costurar e como ser boas esposas, os garotos eram ensinados a como agir como um verdadeiro líder. Me levantei da minha cadeira e andei até Melídia, a mesma estava sonolenta bordando uma parte dourada em um tecido branco.
- Tudo bem? - Ela olhou pra mim levantando o tecido com cara de tédio e voltou a costurar. Alguns garotos ficaram me olhando em reprovação ao ver minha atitude e um deles era Matt que zombava como um imbecil. Estranhei a falta de Mike na sala. Melídia disse apenas que ele tinha avisado que não viria, menos mal.
- Você parece preocupado - Solta sem tirar a atenção do tecido.
- Você não? - Parou por uns instantes e me encarou.
- A irmã de Mike sumiu - Eu nem sabia que ele tinha uma irmã, mas podia conhecer a dor que era isso. De acordo com as notícias, os sumidos já viam desde muito tempo, porém, só nos era notificado agora, e isso eu não entendia.
- Quer que eu vá com você pra casa hoje? - Me ofereci.
- Não, tudo bem, eu vou visitá-lo mesmo.
Fazia alguns dias que eu não via o tal lobo, mas sabia que os sumiços estavam ligados a ele. Na aula de combate, era David que eu enfrentava, o garoto de dias atrás que fora comigo até a casa de Alec. Ele parecia ser forte e simpático ao mesmo tempo, mas não evitou me jogar no chão com certa brutalidade.
- Foi mal, cara - Estende a mão.
- Troquem - O professor disse. Quando saía da plataforma azulada, ele segurou meu braço.
- Sr. Grimm, talvez queira saber que não ganhou nenhuma vez desde que as aulas começaram esse ano, ou desde que eu me lembre em todos os anos - Declarou arrancando algumas risadas de garotos próximos.
- Sim senhor, desculpe - Abaixei a cabeça indo ao banco. Matt que passava por mim, junto de seu grupinho, soltou um "ainda sem sorte pequeno John" ele quase não me dava atenção o dia todo, mas bastava cruzar meu caminho para soltar uma de suas piadinhas. Bufei.
Na saída pra casa. Olhei estreitamento para o centro da aldeia e para a casa de Alec, mal conseguia ver, mas não tinha nenhuma movimentação.
Andei em passos pesados, afundando ainda mais. As tempestades de neve estavam cada vez mais frequentes. E agora eu enfrentava um pequeno nevoeiro para chegar em casa. Foi quando meu pé prendeu ao chão branco que um barulho ensurdecedor fora ouvido de trás das árvores. Quando abriu os olhos, só então eu notei o lobo branco, ainda maior que o branco que eu vira a dias. Não tinha só um lobo, haviam vários.
Minha linha de raciocínio foi interrompida com a corrida do lobo em minha direção pulando em cima de mim, cravando suas garras em meu peito e braço, gritei de dor. O último lobo tivera compaixão, mas este, esta fera irracional.
Não consegui fechar os olhos, mas minha capa flutuando sobre meu rosto me impedia de ver tudo. Senti seu hálito quente tão perto e os dentes encostados em meu rosto, mas pra minha surpresa e pro meu medo aumentar. O lobo branco pulou em cima do outro.
Um batalha de criaturas enormes acontecia bem ali e eu gritava por socorro sentindo o sangue cair dos meus braços e do meu peito. O nevoeiro não deixava eu caminhar direito e muito menos enxergar. O branco estava por cima do outro que olhava pra mim e rosnava com seus caninos de fora.
Avistei a luz das chamas na porta da minha casa e corri em direção deixando os dois para trás.
Sem Revisão
3 dias, minha mãe disse. Passei 3 dias desacordado, nesse meio tempo, mais desaparecimentos. Melídia veio me visitar, acompanhada de Mike, ele que não queria que ela seguisse sozinha por essas bandas. Meu ataque sofrido confirmou o que todos desconfiavam, os lobos voltaram, se é que tinham sumido. Matt também veio me visitar, para minha surpresa, minha mãe disse que achava plausível sua visita, uma vez que nos conhecíamos desde sempre.Eu ri, fazendo meu torso doer, Matt me odeia, disse pra ela.- Como foi? - Meu pai perguntou, sentando na cama e pondo uma mão na minha cabeça. Já havíamos nos acostumados com o frio, mas ele poderia ser fatal na minha situação.- Tinha 2, um negro enorme, eu quase não o enxerguei na tempestade de névoa, foi ele que fez isso...- Apontei para os meus ferimentos.- E o outro? - Relutei um pouco.- Bem... Eu já tinha o visto antes - Meu pai pulou
- Qual é o seu nome? - Antes que ele pudesse responder, ouvi gritos de guardas vindo com lanças afiadas e retirando espadas de suas bainhas. Ele poderia facilmente destroçar qualquer um ali, mas ele não o fez. Optou por sumir na neve. Alguns guardas o tentaram seguir, em vão.- Você está bem? - Disse um homem estendendo a mão pra mim, peguei sem pestanejar. Balancei a cabeça positivamente e levantei o olhar.- Levem ele para o castelo do Lorde Arvos.- Não precisa, eu estou bem, a minha casa é logo ali - Apontei.- É uma ordem - Dirigiu aos outros guardas, ignorando totalmente a mim e a minha subjeção. Em um instante, eu estava cercado por homens com armaduras, dois em minha frente e dois atrás, iniciando um percurso de retorno para a Aldeia. O povo me olhava receoso, como se eu tivesse cometido algum crime. Andamos até certo ponto, um pouco depois da praça, lá na frente, era uma carruagem que nos levaria até
Sem RevisãoSair do castelo durante a noite em que todos dormiam seria muito suspeito e poderia me custar uma noite inteira na prisão. Achei melhor esperar até o amanhecer e quando este chegou, não hesitei em dizer adeus ao Lorde. Ele mandou guardas me conduzirem, depois de me perguntar se eu gostaria de ficar para o almoço, eu recusei. Não vi o filho do Lorde desde a noite anterior e sinceramente, acho que isso foi uma coisa boa.Chegar atrasado na escola da aldeia não era algo comum pra mim. Melídia parecia cansada e Mike finalmente estava a seu lado, mas parecia apressado, como que já fosse em bora logo e assim o fez quando sentei perto dela.- Aconteceu algo?- Ele não vai ao baile comigo - Bufei em frustração, pensei um pouco sobre o que dizer e cheguei a uma conclusão.- Por que não vamos juntos? Tenho certeza que ele não iria se importar.- É, eu acho
Sem Revisão- Você não tá nem tentando! - O garoto gritou alto, me jogando no chão mais uma vez. Cansado, dolorido e com raiva. Matt parecia feliz em me jogar no chão de vez em quando, mas agora estava realmente impaciente. Era notável.- Eu não sei... fazer isso - Tentei levantar, mas senti uma dor no meu braço e logo levei a mão massageando o local. Enquanto eu gemia de dor, Matt simplesmente pegou suas coisas, seu casaco confortável e seguiu rumo à fora. Olhei ele sumir na entrada e me levantei em seguida. Merda. O que ele queria afinal? Me ajudar ou me treinar pra uma guerra?Encontrei ele no portão novamente. Ele estava parado, olhando pro caminho que seguia minha casa. Achei estranho seu comportamento, mas era justificável vindo de alguém como ele.- Por que sua casa é afastada da vila?- Meu pai perdeu a antiga casa no centro. Ele tinha muitas dívidas e você sabe, os impostos. Não
Sem Revisão- Eles estavam tão estranhos - Finalmente terminei de contar a Melídia o que havia acontecido entre mim e Matt e Alec, e por como eu passei por situações tão parecidas com ambos. Deitado sobre a cama da garota, observando seus traços enquanto ela terminava de se arrumar. Foi de sua própria insistência que eu contasse-lhe tudo antes de ir pra lá, pra não ir agindo de maneira estranha.Ela sorriu quando eu terminei de contar a história, olhou pra mim e pôs seu casaco mais confortável, também o mais bonito. Ela estava linda.- Garotos são estranho as vezes, John. Pronto? - A sua casa ficava perto do centro, mesmo assim, teríamos que andar alguns minutos até a praça. Foram minutos bem congelantes, ainda mais pra mim, que pela primeira vez, saía sem minha capa. Quando chegamos perto da entrada, enfeitada de diversas maneiras. Algumas pessoas instantaneamente nos encararam, com certeza olhavam pra Melídia e todo seu esp
Por um instante, meu cérebro me disse que tudo não passava de um sonho, que nada tinha acontecido, uma ilusão fria de um pesadelo das muitas noites de neve. Mas no fundo, eu sabia que todas as sensações que passei foram reais. O medo, uma energia tão poderosa tomando meu corpo e como isso me esgotou fisicamente. Eu queria abrir os meus olhos, mas não tinha forças o suficiente, de algum modo, eu estava fraco demais pra tentar qualquer movimento. Enquanto minhas forças falhavam, a audição parecia se apurar. Conseguia ouvir ruídos em minha volta, passos, conversas saindo como cochichos.Eu queria gritar o único nome que vinha na minha mente agora. Matt, Matt, Matt. O único de quem eu me lembrava de verdade antes de cair em sono profundo.- John?! Onde você está? - Ouvi a voz perpetuar dentro da minha cabeça e me desesperei. De início, pensei que ele estava falando no lugar onde eu estava.- Matt?! Você tá bem? Eu não vejo você,
Me ajoelhei ante seu corpo, e estendi a mão até seu peito, onde espalmei. Ele relutou um pouco, resmungou algo que eu não entendi e provavelmente me xingou muito nos seus pensamentos. Fechei os olhos e me concentrei na sua dor, eu a sentia também, a conexão era forte, mas precisava ser finalizada.Seus gemidos de dor aumentaram, e no momento de desespero, ignorei a sua voz me dizendo pra recuar e o beijei. Não porque sentia vontade, mas porque sabia que era o certo a se fazer. Foi um beijo mal recebido de ambos os lados. Ele não contestou quando nossos lábios selaram e a sua dor cessou. Senti meus olhos arderem em algo que eu não podia explicar. Era indescritível.- Por que você fez isso? - Empurrou já mais calmo, com certa força.- Não quero que você precise sofrer por minha causa - Eu já esperava um soco na minha cara, mas fiquei surpreso ao ser puxado para mais perto de seu corpo. Ele mesmo tomou a iniciativa do beijo. Era
Sem Revisão(desculpinha)Foi um momento de glória para todos ali, principalmente para Thomas, que parecia o mais feliz com a notícia de que a ligação já estava completa. Eu ainda não entendia o que ele fazia na matilha, mas estava disposto a descobrir. A noite de celebração fora intensa, barulhenta e até agradável de certo modo. Tinha muito carinho envolvido pela parte dos lobos e notei que havia uma forte presença feminina pra onde olhava. A capa branca que me impedia de morrer de frio não era necessário pra mais ninguém, ali todos pareciam aquecer a si próprios, com exceção de Thomas, que parecia agora, menos a vontade do que antes, por isso encarava a fogueira esfregando as mãos.- Mi Lord - Eu disse atraindo sua atenção.- Rei Alfa - Ele exibiu um sorriso provocativo. Balancei a cabeça em negação, sentei-me ao seu lado e depois de muito encará-lo curioso, finalmente perguntei:- Por que não volta para o ca