3 dias, minha mãe disse. Passei 3 dias desacordado, nesse meio tempo, mais desaparecimentos. Melídia veio me visitar, acompanhada de Mike, ele que não queria que ela seguisse sozinha por essas bandas. Meu ataque sofrido confirmou o que todos desconfiavam, os lobos voltaram, se é que tinham sumido. Matt também veio me visitar, para minha surpresa, minha mãe disse que achava plausível sua visita, uma vez que nos conhecíamos desde sempre.
Eu ri, fazendo meu torso doer, Matt me odeia, disse pra ela.
- Como foi? - Meu pai perguntou, sentando na cama e pondo uma mão na minha cabeça. Já havíamos nos acostumados com o frio, mas ele poderia ser fatal na minha situação.
- Tinha 2, um negro enorme, eu quase não o enxerguei na tempestade de névoa, foi ele que fez isso...- Apontei para os meus ferimentos.
- E o outro? - Relutei um pouco.
- Bem... Eu já tinha o visto antes - Meu pai pulou da cama. Gritou por que eu não tinha o avisado? Por que não avisei minha mãe? O Lorde da aldeia? Falei que tinha medo que ninguém acreditasse em mim.
- E o que esse outro lobo fez? - Perguntou mais calmo.
- Ele... Ele pulou em cima do outro lobo, acho que brigavam por território - Meu pai não se satisfez com minha explicação, com a expressão curiosa ele se retirou.
Nos dias que passei apagado, houveram mudanças significativas, agora haviam guardas do Lorde vigiando cada área da aldeia e alguns vigiando minha passagem até minha casa. Me tranquilizava mais, mas me deixava sem jeito. Vários homens armados por minha causa.
- Como você está? - Perguntou Melídia me abraçando forte, soltei um "ai" e isso fez ela me soltar pedindo desculpas.
- Bem, eu acho - Ela sorriu e entrelaçou o braço no meu. Seus olhos estavam vermelhos e isso era muito chamativo.
- Você andou chorando?
- Você descobriu? - Perguntou irônica, passando as mãos de leve sobre os olhos.
- O que aconteceu?
- Mike...
- Ele foi levado? - A interrompi.
- Não, acharam a irmã dele... - Rapidamente eu a entendi.
- Ele chorou muito e está furioso, isso eu não entendi. Sei que ele se voluntariou pra vigiar o bosque durante a noite, quer caçar os lobos junto dos outros.
- Eu sinto muito.
- Tudo bem, eu vou ficar bem e sei que ele também vai.
Nada poderia ficar mais diferente de uma hora pra outra do que o clima que a população exalava, estava tudo em cores frias e mais sombrio. Até Matt passou por mim sem pegar no meu pé, nem sequer olhou dessa vez. Na aula de treinamento, o professor me pediu para ir até ele enquanto os garotos estavam todos sentados em uma bancada improvisada. Morri de vergonha sentindo o olhar de todos sobre mim.
- Pessoal, Jonathan está com problemas - Olhou pra mim e sorriu dando uma piscadela.
- Ele é muito ruim no combate - Isso arrancou gargalhadas estrondosas de todos, menos Matt.
- Calma pessoal, vou precisar de um treinador assistente pra cuidar dele pessoalmente, treiná-lo e ajudá-lo até o Baile de Neve, de lá, só depois das férias - A essa altura eu só encarava Matt que me encarava de volta com o olhar sério, intimidador. Me senti invadido.
- Professor - Ele levantou a mão.
- Matt?
- Eu posso treiná-lo - Isso automaticamente fez os risos pararem. O meu "rival" agora iria me treinar e isso me proporcionou uma onda de arrepios ao sentir seu olhar interligado ao meu.
- E Alec? - Perguntei a Melídia na saída da escola.
- Apareceu um dia depois do seu ataque, finalmente. Mike até ficou feliz, mas não veio pra escola. Ele perguntou por você - Ela tentava forçar um sorriso, mais obviamente estava chateada.
- O que você disse?
- Que ainda estava de cama.
- E por que ele não veio hoje?
- Deve ter se voluntariado também, o professor de combate disse que isso os acrescentaria pontos extras, muitos pontos.
Isso explicava a falta notável do grupo dos melhores combatentes, fora Matt e o que eu confundi com Alec dias atrás, mais tarde descobri se chamar Liam.
Na volta pra casa, os guardas ainda estavam lá, obviamente. Me olhando enquanto eu caminhava pelo meio da estrada, a vergonha me consumia e isso me levava a cobrir meu rosto com o capuz da capa.
Cada dia que se passava se tornava mais assustador, e conforme avançavam, iam de frente com o Baile de Neve, a mais feliz das nossas tradições. Que ironia.
Fora em mais uma das tempestades que assolavam a região, forte, cobria tudo. Pela janela do meu quarto, que ficava do lado de trás da nossa casa. Eu o enxerguei por pouco, sentado sob as patas traseiras, me encarando. O temível lobo branco, ele tinha salvo a mim da última vez e eu não entendia porque.
As baboseiras que o professor de Criaturas Sombrias fala eram verdades?
Ele não desgrudou o olhar do meu e quando me abaixei para poder olhar mais de perto, ele sumiu, eu pensei pelo menos, mas logo abriu os olhos de novo. Simplesmente incrível. Suas orbes verdes miradas na minha direção. Tão encantador.
Obrigado, eu sussurrei como um idiota e logo me repreendi por agir como um maluco. Ele não me ouviria e também não me responderia. Virou de costas e saiu.
Minhas suspeitas foram confirmadas, não era ele que conversava comigo.
No dia seguinte, eu finalmente encontrava Alec depois de semanas sem o ver. Ele sorriu ao me ver e eu retribui o sorriso.
- Não tem de que - Respondeu David passando por mim e me deixando sem entender nada. Olhei pra Melídia com interrogação e ela deu de ombros. Logo esqueci também.
Naquele fim de tarde, um imprevisto tirou os guardas do meu caminho, tinham sido removidos para tentar compreender o que acontecia do outro lado. Uma multidão fazia um círculo com sabe-se-lá-o-que. Eu segui firme pelo meu caminho.
Minha curiosidade era maior que meu medo agora. Eu queria entender o porquê de ele viver em meu encalço.
E o vi, deitado agora no topo de um barranco, coberto pelas camadas de neve.
- É-é você quem fala comigo? - Perguntei, minhas esperanças não tinha morrido ainda.
- Aqui não é seguro - De susto, cai pra trás. Um tufo de pelos branco do lobo estava avermelhada, deduzi ser sangue e estava certo. Ele tinha falado, falado de verdade, ou só eu o escuto?
Ele veio até mim e parou em minha frente.
Me arrepiei dos pés à cabeça.
- Eu disse que aqui não é seguro - Rosnou, me assustando mais ainda.
- Eu consigo ouvir você - Em choque, estendi a mão frente a sua cara, ele escondeu os dentes de volta e após vários segundos sem interromper o contato visual, ele lambeu.
Sem revisão
- Qual é o seu nome? - Antes que ele pudesse responder, ouvi gritos de guardas vindo com lanças afiadas e retirando espadas de suas bainhas. Ele poderia facilmente destroçar qualquer um ali, mas ele não o fez. Optou por sumir na neve. Alguns guardas o tentaram seguir, em vão.- Você está bem? - Disse um homem estendendo a mão pra mim, peguei sem pestanejar. Balancei a cabeça positivamente e levantei o olhar.- Levem ele para o castelo do Lorde Arvos.- Não precisa, eu estou bem, a minha casa é logo ali - Apontei.- É uma ordem - Dirigiu aos outros guardas, ignorando totalmente a mim e a minha subjeção. Em um instante, eu estava cercado por homens com armaduras, dois em minha frente e dois atrás, iniciando um percurso de retorno para a Aldeia. O povo me olhava receoso, como se eu tivesse cometido algum crime. Andamos até certo ponto, um pouco depois da praça, lá na frente, era uma carruagem que nos levaria até
Sem RevisãoSair do castelo durante a noite em que todos dormiam seria muito suspeito e poderia me custar uma noite inteira na prisão. Achei melhor esperar até o amanhecer e quando este chegou, não hesitei em dizer adeus ao Lorde. Ele mandou guardas me conduzirem, depois de me perguntar se eu gostaria de ficar para o almoço, eu recusei. Não vi o filho do Lorde desde a noite anterior e sinceramente, acho que isso foi uma coisa boa.Chegar atrasado na escola da aldeia não era algo comum pra mim. Melídia parecia cansada e Mike finalmente estava a seu lado, mas parecia apressado, como que já fosse em bora logo e assim o fez quando sentei perto dela.- Aconteceu algo?- Ele não vai ao baile comigo - Bufei em frustração, pensei um pouco sobre o que dizer e cheguei a uma conclusão.- Por que não vamos juntos? Tenho certeza que ele não iria se importar.- É, eu acho
Sem Revisão- Você não tá nem tentando! - O garoto gritou alto, me jogando no chão mais uma vez. Cansado, dolorido e com raiva. Matt parecia feliz em me jogar no chão de vez em quando, mas agora estava realmente impaciente. Era notável.- Eu não sei... fazer isso - Tentei levantar, mas senti uma dor no meu braço e logo levei a mão massageando o local. Enquanto eu gemia de dor, Matt simplesmente pegou suas coisas, seu casaco confortável e seguiu rumo à fora. Olhei ele sumir na entrada e me levantei em seguida. Merda. O que ele queria afinal? Me ajudar ou me treinar pra uma guerra?Encontrei ele no portão novamente. Ele estava parado, olhando pro caminho que seguia minha casa. Achei estranho seu comportamento, mas era justificável vindo de alguém como ele.- Por que sua casa é afastada da vila?- Meu pai perdeu a antiga casa no centro. Ele tinha muitas dívidas e você sabe, os impostos. Não
Sem Revisão- Eles estavam tão estranhos - Finalmente terminei de contar a Melídia o que havia acontecido entre mim e Matt e Alec, e por como eu passei por situações tão parecidas com ambos. Deitado sobre a cama da garota, observando seus traços enquanto ela terminava de se arrumar. Foi de sua própria insistência que eu contasse-lhe tudo antes de ir pra lá, pra não ir agindo de maneira estranha.Ela sorriu quando eu terminei de contar a história, olhou pra mim e pôs seu casaco mais confortável, também o mais bonito. Ela estava linda.- Garotos são estranho as vezes, John. Pronto? - A sua casa ficava perto do centro, mesmo assim, teríamos que andar alguns minutos até a praça. Foram minutos bem congelantes, ainda mais pra mim, que pela primeira vez, saía sem minha capa. Quando chegamos perto da entrada, enfeitada de diversas maneiras. Algumas pessoas instantaneamente nos encararam, com certeza olhavam pra Melídia e todo seu esp
Por um instante, meu cérebro me disse que tudo não passava de um sonho, que nada tinha acontecido, uma ilusão fria de um pesadelo das muitas noites de neve. Mas no fundo, eu sabia que todas as sensações que passei foram reais. O medo, uma energia tão poderosa tomando meu corpo e como isso me esgotou fisicamente. Eu queria abrir os meus olhos, mas não tinha forças o suficiente, de algum modo, eu estava fraco demais pra tentar qualquer movimento. Enquanto minhas forças falhavam, a audição parecia se apurar. Conseguia ouvir ruídos em minha volta, passos, conversas saindo como cochichos.Eu queria gritar o único nome que vinha na minha mente agora. Matt, Matt, Matt. O único de quem eu me lembrava de verdade antes de cair em sono profundo.- John?! Onde você está? - Ouvi a voz perpetuar dentro da minha cabeça e me desesperei. De início, pensei que ele estava falando no lugar onde eu estava.- Matt?! Você tá bem? Eu não vejo você,
Me ajoelhei ante seu corpo, e estendi a mão até seu peito, onde espalmei. Ele relutou um pouco, resmungou algo que eu não entendi e provavelmente me xingou muito nos seus pensamentos. Fechei os olhos e me concentrei na sua dor, eu a sentia também, a conexão era forte, mas precisava ser finalizada.Seus gemidos de dor aumentaram, e no momento de desespero, ignorei a sua voz me dizendo pra recuar e o beijei. Não porque sentia vontade, mas porque sabia que era o certo a se fazer. Foi um beijo mal recebido de ambos os lados. Ele não contestou quando nossos lábios selaram e a sua dor cessou. Senti meus olhos arderem em algo que eu não podia explicar. Era indescritível.- Por que você fez isso? - Empurrou já mais calmo, com certa força.- Não quero que você precise sofrer por minha causa - Eu já esperava um soco na minha cara, mas fiquei surpreso ao ser puxado para mais perto de seu corpo. Ele mesmo tomou a iniciativa do beijo. Era
Sem Revisão(desculpinha)Foi um momento de glória para todos ali, principalmente para Thomas, que parecia o mais feliz com a notícia de que a ligação já estava completa. Eu ainda não entendia o que ele fazia na matilha, mas estava disposto a descobrir. A noite de celebração fora intensa, barulhenta e até agradável de certo modo. Tinha muito carinho envolvido pela parte dos lobos e notei que havia uma forte presença feminina pra onde olhava. A capa branca que me impedia de morrer de frio não era necessário pra mais ninguém, ali todos pareciam aquecer a si próprios, com exceção de Thomas, que parecia agora, menos a vontade do que antes, por isso encarava a fogueira esfregando as mãos.- Mi Lord - Eu disse atraindo sua atenção.- Rei Alfa - Ele exibiu um sorriso provocativo. Balancei a cabeça em negação, sentei-me ao seu lado e depois de muito encará-lo curioso, finalmente perguntei:- Por que não volta para o ca
Sem RevisãoSenti braços acolhedores passando pelas minhas pernas e costa, envolvendo meu corpo no que parecia um abraço de consolo. Logo fui erguido para mais perto do corpo que me segurava e senti-o quando me tirou do chão. Me recusei a olhar seu rosto, eu ardia em vergonha e ainda sentia medo pela situação que me cercava. Pra mim, era tudo demais. Não o suficiente pra me fazer explodir com todos como Matt e sua paciência miserável, mas o bastante para me manter irritado o tempo inteiro. Eu podia sentir ondas enormes de energia percorrem meu corpo quando estávamos nos tocando, sempre, mesmo quando haviam centímetros para que nossos corpos se chocassem. Eu ainda tinha meu rosto afundado em seu peito e me recusava a olhar pra qualquer um, mesmo sabendo que detinha os olhares todos sobre mim e ele.- Você está bem, Grimm? - A voz me pegou de surpresa, u