All Chapters of Através da Cortina de Lembranças: Chapter 31 - Chapter 40
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Capítulo 31
Zeca já estava ficando impaciente.Tudo que ele queria era encontrar sua musa á sós.Mas, por algum incompreensível motivo, Miguel não saíra do seu pé durante toda a festa.A moça era muito tímida e estava de passagem pela cidade.Os dois se afeiçoaram assim que tiveram o primeiro contato na rodoviária.Ele passara lá apenas para fazer um lanche num daqueles dias enfadonhos e comuns em Folhagem.Enquanto bebia um refrigerante, olhava as pessoas que subiam e desciam dos ônibus que chegavam de outras cidades.De um desses ônibus, ela desceu.Com uma pequena mala e toda a timidez do mundo.Fôra um momento mágico para Zeca.Ao avistar tamanha formosura, o rapaz sentiu-se extasiado.Caminhou até ela.-Precisa de ajuda com a bagagem?-Obrigada. É pequenininha, mas um tanto quanto pesada.-Então me permita ajudá-la.-Isso é cavalheirismo ou você trabalha aqui na rodoviária? Porque vou logo lhe avisand
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Capítulo 32
Se existe uma coisa mais odiosa que atrasos, nunca mostraram a ele.Já passara da hora de resolver essa questão e, apesar do assunto ser de uma urgência e seriedade desmedida, a pessoa mais interessada, ainda assim se atrasava.Ele sentia-se insultado com esse atraso, afinal tratava-se se um homicídio.Só o fato de ele ter deixado claro saber da culpa da outra pessoa, já era motivo para que esta mostrasse um interesse maior.Quanto mais demorava menos culpado ele se sentia por estar fazendo aquela chantagem.Sua idade não permitia mais certos caprichos emocionais, porém ele tinha que admitir de si para si mesmo que estava ansioso.Se suas ameaças surtissem efeito, ele finalmente teria o que sonhara nos últimos anos.Olhou para o relógio de forma impaciente.Aquela cabana não era nem de longe o lugar mais confortável do mundo.Nem energia elétrica tinha e o sinal de celular era praticamente inexistente.Não havia muito que f
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Capítulo 33
E assim foi feito: o pai dera-lhe um endereço e, tudo que Zeca podia fazer era escrever para o irmão.E foi o que ele fez.Escreveu e, posteriormente quando Miguel se estabeleceu e adquiriu uma linha telefônica, ele telefonou e assim mantiveram um distante contato durante alguns anos.Visitar o irmão era muito difícil, pois o pai não permitia.Certamente não queria que Zeca soubesse pela boca de Miguel o que realmente havia ocorrido naquela trágica noite.Sempre que tentara tocar no assunto por telefone, o irmão dizia que ainda não estava pronto pra falar.Por isso, em respeito aos sentimentos do irmão, Zeca resolveu enterrar aquele assunto.Até por que, os anos foram passando e a tragédia juntamente com todo mistério que a cercava, foi perdendo o interesse.Para Zeca, os anos passaram sem tantas novidades.Mas, quando elas aconteceram, vieram em cascata.Primeiro, um inesperado e repentino telefonema de seu irmão comunican
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Capítulo 34
Era realmente um dia especial.Miguel retornara para Folhagem. A óbvia alegria que Zeca sentia pelo reencontro com seu irmão gêmeo era abalada pelo momento. Pelo péssimo momento.Como contar para o irmão tudo que ele escondera por todos es-ses anos?A descoberta da sua doença, que já seria muito difícil de compartilhar com o irmão, se apequenava ante a revelação que teria que fazer sobre Helena.No fundo era uma bobagem que se agigantou por não ter sido revelada antes.Em respeito à memória da falecida esposa de Miguel, Zeca ainda não se decidira se devia ou não lhe contar.Mas, eles tinham um acordo silencioso de nunca esconder nada importante um do outro. E aquilo havia se tornado importante.Teve uma profunda dificuldade para rever o irmão por causa do câncer terminal que sofria.Não queria que Miguel o visse daquele jeito.Já sem cabelos devido ao tratamento e visivelmente abatido e magro.Sofreu muito quando abraçou o
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Capítulo 35
O dia havia sido maravilhoso.Existia ali uma empatia sem igual e Zeca estava maravilhado.A moça tímida e prendada era uma simpatia de pessoa.-Você está de mudança para Folhagem?-Não. Vou ficar aqui alguns dias apenas.Não demorou para que Zeca a pedisse em namoro e, demorou ainda menos para ela aceitar.Estava tudo acontecendo muito rápido.Mas era muito bom.Beijaram-se e combinaram de se encontrar no final de semana na festa mais badalada da cidade.-Mas eu queria te pedir um favor.-Que seria?-Não comente sobre nós com ninguém. Não quero ser mal falada na cidade. Não quero ser aquela menina que nem desarrumou a mala e já saiu pra caçar namorado. Não é essa fama que quero pra mim.-Tudo bem.-E mesmo lá na festa, gostaria que nos encontrássemos de forma discreta.E assim combinaram.Depois da festa, ele a levou para a rodoviária onde ela embarcou de volta para sua cidade natal.Des
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Capítulo 36
Uma seqüência de erros.Bebera durante o jantar. Fôra pouco, mas não deveria ter bebido para depois dirigir.Uma ultrapassagem no momento errado.Uma manobra imprudente.Miguel estava discutindo com Helena por ela ter reclamado dele ter bebido e não deixá-la dirigir.O pequeno desentendimento virara rapidamente uma acalorada discussão.Movido pela irritação e, provavelmente, pelo álcool no sangue, ele passou a dirigir mais rápido. Quanto mais Helena reclamava, mais irritado ele ficava e mais rápido dirigia.Até aquela fatídica ultrapassagem.Um motorista ainda mais alcoolizado que ele. E a tragédia se fez presente pela segunda vez na vida de Miguel.
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Capítulo 37
Isso não pode estar acontecendo de verdade!Zeca não podia acreditar no que seus olhos viam ao vislumbrar aquela foto que estava em suas mãos.Sua mente retrocedeu até o dia das mortes trágicas de Everaldo e do tio Izaque.Após se ver bruscamente proibido pelo pai de ter qualquer contato com seu irmão, e vendo todo o desespero da sua família perante tão trágico acontecimento, Zeca se via perdido, desamparado e sem ter com quem conversar.Ligou para a única pessoa que, com certeza, estava isenta e de cabeça fria naquele momento: Helena.Disse-lhe, quando ela atendeu, que sabia que eles mal se conheciam e que, ele não deveria incomodá-la com suas tragédias pessoais, mas que não tinha mais a quem recorrer.-Mas o que aconteceu?Zeca contou-lhe sobre os acontecimentos funestos daquela noite e, ao terminar, ouviu Helena soluçar histericamente do outro lado da linha.-Zeca – disse-lhe finalmente – Preciso te contar uma coisa...-O que?
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Capítulo 38
- Então é isso? É assim que acaba? Eu morro sem me livrar da angústia de ter escondido segredos de meu irmão? Morro sem poder avisá-lo do perigo iminente que ele corre?-Não tenho essa resposta pra te dar.-Isso não é justiça! Eu me recuso a aceitar tal destino. Meu irmão precisa saber o que está acontecendo!-Não depende de você. Essa não é uma decisão sua.-Não vou deixar uma voz que nem existe de verdade me aconselhar sobre minha vida e meu destino!Então a escuridão começou a se dissipar e a sala de cirurgia se fez clara e presente.Pôde, por um breve momento, abrir os olhos e balbuciar algumas palavras para o médico.Palavras importantes e pesadas.-Diga a meu irmão! É meu último desejo.Em seguida a dor diminuiu e a sala sumiu.Em seu lugar a escuridão que se fazia doce e reconfortante.Agora podia descansar.Morreu com um pequeno sorriso nos lábios.
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Capítulo 39
"Tudo está começando a se encaixar de forma assustadora.”Era o pensamento de Miguel enquanto saía da delegacia.Mas ainda havia algumas pontas soltas.O que o delegado Aníbal fazia por entre os arbustos no dia de seu regresso a Folhagem?Quem, na verdade, tinha tentado lhe matar? Com que motivo?Será que algo que Zeca iria lhe contar motivou o ataque?Seria uma revelação que prejudicaria alguém da cidade?Até onde Miguel sabia apenas o delegado andava armado na cidade. Seria o velho Aníbal o autor dos disparos? Se assim fosse, a pergunta permaneceria: por quê?Chegou à casa dos seus pais e estranhou a quietude. A residência estava vazia. Pegou a chave que estava guardada num vaso de plantas e entrou.“Deixam a chave no mesmo lugar desde que eu era criança” – pensou divertido.Em cima da mesa havia um envelope com seu nome.Abriu e leu. As letras estavam tremidas e traziam a pior noticia possível. Seu irmão Zeca havia
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Capítulo 40
Dizem que, quando estamos morrendo, nossa vida passa em flashes em nossa mente.Helena lembrava apenas dos últimos meses entrecortados por lembranças de sua doce adolescência.E ambas as recordações remetiam aos homens de sua vida.Desde os últimos segundos quando discutia fervorosamente com Miguel por causa de sua mania de dirigir alcoolizado até um passado mais distante quando foi passar um final de semana numa pequena cidade chamada Folhagem.Quando Miguel fez aquela ultrapassagem equivocada motivada pela irritação e pela bebedeira e aquele caminhão de cerveja surgiu do nada e, de repente, ela viu o mundo ficar de cabeça pra baixo, essas recordações vieram a sua mente.Tudo numa fração de segundos.Chegara naquele pedaço de fim de mundo meio a contragosto a fim de fazer uma visita a uma pessoa muito especial que ali resi-dia e se encontrava enferma.Para Helena não importava o fato de elas duas não serem filhas da mesma mãe. Ela era sua q
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