All Chapters of Através da Cortina de Lembranças: Chapter 41 - Chapter 50
52 Chapters
Capítulo 41
Depois daquele infeliz telefonema onde soube que Everaldo tinha falecido juntamente com o pai e o subseqüente rompimento com José Carlos que a acusou de culpa no infeliz acidente, a vida de Helena, em principio, desmoronou. Mas, feridas são cicatrizadas e a vida continua, pois o tempo segue sua marcha e não nos dá espaço para lamentações eternas.As coisas seguiram seu curso natural e, Helena se não conseguiu esquecer José Carlos e de todas aquelas acusações, ao menos tentou continuar vivendo sem remorsos.Sua irmã, que posteriormente saiu de Folhagem e foi morar com ela, foi importantíssima nesse processo de recomeço.Mas a vida é um eterno carrossel que está sempre girando e nos trazendo de volta as mesmas paisagens sempre.Eis que, anos depois numa festa de casamento onde Helena compareceu muito a contragosto, aquela ao mesmo tempo do-ce e amarga visão voltou a acometê-la.Sentado solitário num sofá a bebericar algo que, no momento não fazia diferenç
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Capítulo 42
O resto é história.Helena e Miguel conversaram, saíram, engataram posteriormente um namoro, noivaram, casaram, se amaram e do fruto desse amor, surgiu uma gravidez.Talvez por medo de perder mais uma vez o homem amado, talvez por medo de ser novamente acusada de, indiretamente ter causado a morte de Everaldo ou simplesmente por não querer revirar o passado...Independente dos motivos, Helena jamais contou a Miguel sobre seu passado em Folhagem, embora soubesse que por mais que adiasse, um dia teria que visitar a família do marido e que, nesse dia, reencontraria José Carlos.Temia as conseqüências desse encontro, pois desde que Miguel enviara uma foto dela para a família, José Carlos emudecera sobre o assunto.Era uma situação deveras angustiante. Acordar todos os dias na expectativa de ter sua vida arrasada pelo rancor do passado.No íntimo, Helena torcia por já ter sido perdoada por Zeca e que este não considerasse uma afronta seu relacionamento
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Capítulo 43
Miguel correu do hospital, entrou no carro e acelerou até a casa dos pais. Lá chegando, entrou e a passos largos dirigiu-se ao quarto do irmão.“Cuidado com Joelma” – foram as últimas palavras de Zeca.Será que aquelas idéias tresloucadas que corriam por sua men-te, realmente tinham algum fundamento?Entrou no quarto, abriu o guarda-roupa e atirou as camisas pen-duradas uma a uma sobre a cama até achar a jaqueta que pro-curava. Quando finalmente a encontrou, meteu a mão no bolso e achou finalmente o pequeno diário de capa marrom.Abriu-o e constatou que não havia muitas páginas.Sentou-se no chão e começou a ler.Quanto mais lia as conclusões do irmão, mais fantástica achava aquela história toda.Ao terminar a leitura seus olhos faiscavam de ódio perante tão inescrupulosa traição.Saiu da casa e entrou no carro.Aproveitaria a forçada escolta policial que sempre lhe acompa-nhava quando chegasse ao seu destino.Tinha um luga
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Capítulo 44
Felicidade.Essa era a emoção que a moça sentia ao sair da periferia de Folhagem rumo aquela cidade de Minas Gerais.Não iria para a capital era verdade. Mas, com certeza seria para um lugar maior e melhor que Folhagem.E já não era sem tempo. Morar na periferia de um fim de mundo daquele era o cúmulo.Pena que as circunstâncias não eram as melhores.Recentemente havia recebido a visita de sua meia-irmã em sua casa devido a uma doença que havia contraído.Nada de muito grave, mas, algo que merecia cuidado.Helena se disponibilizou a passar, ao menos, um final de semna em Folhagem para auxiliá-la no que precisasse.Ela prontamente aceitou.Amava a irmã com todas as forças e a tinha como a única pessoa querida e confiável no mundo. Por isso estar com ela era sem-pre uma situação agradável.No dia marcado para a chegada de Helena, esta demorou bem mais de chegar que o previsto e, quando chegou, surgiu radian-te de felicidade.A
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Capítulo 45
A oportunidade surgiu enquanto trabalhava no hospital da cidade e descobriu que José Carlos havia ficado doente.Não foi difícil descobrir o mal que acometia Zeca: ele tinha câncer de um tipo incurável.Em princípio sentiu-se frustrada. Ela queria ser a responsável pela morte dos dois irmãos. Vivia para isso.Por outro lado, sentiu-se satisfeita em constatar que ele iria sofrer muito antes de morrer. E ela queria presenciar de perto esse sofrimento.Mas, na condição de enfermeira não ficaria perto o bastante para se deliciar com toda aquela situação.Por isso, resolveu aproximar-se e seduzi-lo.Entrou no quarto em que ele repousava no hospital e apresentou-se:-Prazer senhor José Carlos. Serei sua enfermeira por esses dias. Meu nome é Joelma.
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Capítulo 46
Ao vislumbrar aquela arma apontada para si, ele pensou o quanto a linha que divide o amor e o ódio é tênue.Lembrou-se da primeira vez que a viu trabalhando de enfermeira e como amou o que viu logo de cara.Lembrou também de todas as investidas e todas as propostas que fez na tentativa de ficar com ela.Todas em vão.A moça parecia ter um objetivo sombrio traçado que guiava sua vida e suas ações. E fosse qual fosse esse objetivo, ele não estava incluído.Mesmo assim, movido pelo sentimento, permaneceu ao lado dela disposto até a servir de cúmplice se necessário fosse.Porém, não demorou para que ela começasse um relacionamento com um dos rapazes de uma das mais tradicionais famílias da cidade, fato esse que muito o entristeceu.Sofria muito com a visão da felicidade de sua amada com aquele rapaz, afinal como poderia competir ele pelo amor de uma mulher muito mais jovem tendo ela encontrado alguém de sua mesma faixa de idade?Mesmo toma
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Capítulo 47
Se isso não fosse uma permissão divina, nada mais seria.Um momento de desatenção com sua bolsa e o revólver sumiu.Sentia-se frustrada, pois estava tudo planejado.Sua vingança estaria próxima.Enquanto um irmão morria aos poucos, ela faria o outro morrer rapidamente. Estaria vingada e sua vida perderia o sentido. Poderia morrer em paz.Por que, com certeza, para cadeia não iria.Mas, com o revólver desaparecido, Joelma tinha dois proble-mas: não tinha como consumar sua vingança e agora alguém sabia de suas intenções. Podia então esperar um contato para ser chantageada.Foi quando Zeca lhe contou ter visto uma pessoa entrando rapidamente no bosque e, movido pela curiosidade, resolveu investigar qual o objetivo daquela pessoa.Voltou do bosque com ar preocupado, dizendo que nada havia encontrado, mas ela pôde vê-lo depositar algo no guarda-roupa.Algo extremamente familiar.Quando ele saiu pela manhã para conversar com o ir
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Capítulo 48
- A idéia é tão asquerosa assim Joelma?-Isso não é importante. Só não vou ceder às chantagens de ninguém. Sou senhora do meu destino e disso não abro mão, não importa quais serão as conseqüências.-E você acha que essa arma apontada pra mim vai resolver seus problemas? O que vai fazer com meu corpo depois? Como vai explicar meu desaparecimento para toda a cidade?-Pra quê explicar? Basta sumir da cidade...- E sua tão sonhada vingança? Como ficaria?Joelma emudeceu por um instante.O Conteúdo do diário era esclarecedor. Não existiam mais dúvidas. Lendo as últimas páginas dava pra deduzir o autor dos disparos, embora ainda não estivessem claros quais eram os motivos.Uma simples semelhança física entre duas mulheres não conseguiria explicar um homicídio.É impressionante como um evento tem o poder de desencadear outros que, aparentemente, não tem nenhum tipo de conexão.Mas está tudo entrelaçado.Esse era o pensa
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Capítulo 49
- Mas o que é que você está fazendo aqui? Como você descobriu onde Joelma estaria?-Isso não é óbvio Miguel?-Não, não é - interrompeu Joelma – Apesar de todas as provas apontarem para mim, por que se você está aqui é por ter encontrado minha carta que Zeca deve ter escondido, eu não fui a au-tora dos disparos. Quem matou seu irmão foi ele! Eu gostaria muito de ter puxado aquele gatilho, mas não fui eu. Foi ele!-Uma ridícula tentativa de se salvar de sua condenação por homicídio. Que motivos eu teria para assassinar Miguel?-O motivo dele – gritava Joelma – foi o mais mesquinho possível! Sabendo dos meus planos e de que toda a culpa recairia em mim, ele simplesmente atirou em Miguel para depois poder me chantagear e conseguir o que mais quer na vida: eu mesma!Todos olharam para o homem que estava parado ali a sorrir de forma cínica.-Ridículo! Como eu disse, essa é uma teoria absurda. Uma tentativa de se eximir da culpa e escapar da provável con
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Capítulo 50
- Muito interessante, mas impossível de ser provado – atalhou Aníbal.-A essa altura isso não interessa mais.E unindo as palavras à ação, Joelma efetuou um disparo em direção ao delegado Aníbal acertando-lhe o peito. E num movimento rápido, virou-se e disparou mais um tiro em Miguel para logo depois ela própria ser alvejada pelos policiais que ali estavam.E assim terminava uma longa trilha semeada por ódio, tragédias e ressentimentos.Terminava da única forma que poderia terminar: com sangue e sem vencedores.Aníbal, o obsessivo delegado fôra morto pela mulher que era o objeto do seu desejo.Joelma morria amargurada sem ter certeza de ter alcançado sucesso em sua sinistra empreitada.E Miguel caía vitimado pelos seus próprios erros e por aqueles que nem sabia que cometera.E perdia também a cidade de Folhagem. Perdia sua imagem e seu aspecto de cidade pacata e pacífica que tanto seu povo se orgulhava.
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