- Melídia... Você não vai acreditar no que aconteceu - Interceptei minha amiga no corredor na escola da aldeia. Ambos iríamos para nossa sala, onde aprenderíamos mais sobre a nossa linguagem, diferente do resto do continente. Em nossa aldeia, tínhamos vários ensinamentos que em outras escolas não tinham, desde matérias sobre os Costumes Locais a Criaturas Sombrias, isso afirmando que de fato existiam. O que eu não acreditava até ontem.
- Alec convidou você para o Baile de Neve? - Ela perguntou levantando a sua veste para mudar de direção. Alec era o garoto que eu gostava desde o 8 ano em que estudávamos juntos. Neguei com a cabeça.
- Eu vi um lobo - Ela parou de andar, me encarou e sorriu brevemente incrédula.
- Impossível - Disse me analisando de cima a baixo, conferindo se faltava algo de mim ou se haveria marcas de mordidas, compreensível, encontrar uma criatura sombria e sair ileso.
- Eu o vi, quando voltava pra casa ontem - Exclamei segurando eu seu braço.
- Devemos falar com o diretor, ele vai falar com o Lorde da aldeia para redobrar a segurança, isso se alguém acreditar em você - Ela ainda parecia não levar a sério minha confissão.
- Melídia! - Gritei chamando a sua atenção e a atenção de algumas pessoas que passavam por nós.
- John, eu acredito em você, mas estamos atrasados - Assenti com raiva, porém ela estava certa. Um lobo não aparecia há vários e como eu fui sozinho, não tinha ninguém para confirmar minha história, nem seria levado a sério. Deixei a história de lado por um tempo.
Durante as aulas de combate, obrigatória aos garotos, eu duelava com Matt, o garoto que pegava no meu pé em seu tempo livre.
- Está com medo, pequeno John? - Ele dizia entre sorrisos maliciosos, desferiu golpes em minha direção e eu desviei vez ou outra, acertando alguns neles, porém sem força. A imagem do lobo veio a minha mente e eu senti meu corpo ir ao chão pela segunda vez na mesma aula. Vi Matt sorrir e do chão tive a visão perfeita dele, bonito, mas babaca.
- Troquem - O treinador disse pra nós. Levantei atordoado e pisei em um carpete azulado, sem ver quem era meu parceiro de treinamento. Quando vi Alec olhando pra baixo e se preparando para vir pra cima meu coração disparou. Foi a vez dele me derrubar e, pela terceira vez, eu ia ao chão.
- Cuidado, Grimm - Ele disse entre sorrisos e me ajudou a levantar. Eu era apaixonado por ele desde quando o vi entrar na escola, no 8 ano, não falava com ninguém e parecia ser tímido. Depois de um tempo, ele falava com todos e era cobiçado por muitas, entrou na equipe de combatentes mais experientes e se tornou o melhor deles em pouco tempo.
- Mike me convidou para o Baile de Neve - Melídia me indaga sorridente. Mike era o garoto ao qual ela depositava suas esperanças desde o ano passado.
- Isso é ótimo, Melídia, mas seus pais já sabem? - Os pais da garota de cabelos vermelhos não eram muito liberais, em nossa aldeia, nenhuma família era.
- Todos irão ao baile, é obrigatório - Ela disse se sentando ao meu lado no refeitório.
Melídia era realmente uma das garotas mais bonitas de todo o colégio, seus cabelos ruivos, seus lábios carnudos, seu corpo cheio de curvas delirantes, minha melhor amiga era atrativa até aos mais jovens no lugar.
- E você, com quem vai? - Encarei Alec entrar no refeitório acompanhado de seus amigos, estes que incluíam Mike e Matt, todos da mesma equipe de combatentes.
- Ninguém, eu nem sei se vou.
- Obrigatório, e não diga isso, quem sabe Alec não percebe que tem uma paixão escondida por você e agora vai libertá-la - Disse entre risos.
- Não seja boba, garotos como ele não ficam com garotos como eu, eu nem sei se ele fica com garotos - Suspirei.
O Baile de Neve seria o ponto alto da aldeia, o Lorde apresentaria seu filho ao povo pela primeira vez e queria o maior baile da história, este que já era tradição séculos antes. Até seria divertido participar de algo assim, nas edições anteriores, todos se divertiram e dançavam as danças costumeiras.
- Talvez eu vá.
Na última aula, que pra mim, era a mais chata, Criaturas Sombrias, um jovem professor lia as páginas de um livro antigo. Desde o início do ano tudo que se falava sobre criaturas Sombrias era sobre como eram enormes, com presas enormes e um apetite monstruoso. Deixei que os pensamentos me levassem ao caminho que eu mais uma vez teria que fazer sozinho, até chegar em minha casa, desagradável, mas era preciso.
Quando fomos avisados de que a aula tinha acabado, Melídia me disse que precisava ir urgente encontrar com Mike antes que fosse para sua casa, fui obrigado a deixar os portões da escola sozinho.
Sinto um pé se colocando a frente me fazendo perder o equilíbrio.
- Que droga, Matt! - Chutei a sua perna.
- No chão de novo, pequeno John? - Ele riu caminhando de encontro a Alec que o encarava sorrindo, por algo aleatório e não pelo que o mesmo havia feito a mim, quando seu olhar cruzou com o meu ele soltou apenas um sorriso e acenou.
Me levantei me limpando da neve e fiz meu caminho, atento a cada estalo que ouvia e ao menor barulho possível. Quando já estava perto de casa me dei conta de que não o veria nunca mais e que talvez fosse apenas minha imaginação.
- Garoto pequeno - Ouvi a voz vindo pelas árvores e olhei assustado procurando quem havia falado. Não encontrei nada. A movimentação das árvores chamou a minha atenção e perto de casa, apenas corri até entrar fechando a porta com força. Que droga.
•••
- Uma lenda antiga dizia que os lobos que vagam por aí, estão a procura de sua alma gêmea - Alguns garotos riram fazendo brincadeiras com a declaração do professor. Ele que segurava o mesmo livro do resto dos anos anteriores, porém, nunca tinha tocado nessa parte. O que despertou meu interesse.- Isso não quer dizer que eles deixam de ser perigosos. A lenda também afirmava que, aqueles cujo a alma estavam interligadas a do lobo, poderiam ouvir os pensamentos do mesmo, quase como se fosse outra pessoa falando ao seu lado - Pulei da cadeira quando o professor finalizou sua explicação sobre as Criaturas Sombrias, olhei de soslaio para Melídia que estava entretida em seu livro com as figuras da mesma. Do outro canto da sala, Matt me jogou uma bolinha de papel, somente para chamar minha atenção. Abri o papel para ler o que havia e não tinha nada. Esmaguei o papel de volta e deixei em minha mesa.Ao fim da aula, quando todos seguiam rumo a fora, e
Acordei ao pé da escada da porta da minha casa, meio zonzo, me levantei atordoado olhando para todos os lados e fazendo barulho ao encostar nas tábuas da minha parede. Olhei pra floresta e para os arbustos, para o caminho abarrotado de neve e para o lago congelado na parte do lado da minha casa.- O que houve? - Minha mãe escancarou a porta, provavelmente por causa do barulho.- Eu acho que estou ficando louco - Disse-lhe. Ela me mandou entrar, não antes sem perguntar onde minha capa estava e só então eu me toquei de que estava sem ela.- Eu não sei...Eu - Respondi entrando em casa, buscando o conforto e o calor da minha cama. Tremendo. Por sorte, minha mãe não notou as marcas de garras em meus braços.Por que ele não me devorou? Como eu cheguei aqui?Estava tão flutu
Antes de Mike deixar Melídia em sua casa, enrolaram por tempo suficiente pra fazer todos, inclusive a mim, perder a paciência. Quando deram o beijo de despedia, suspiramos aliviados. Todos encararam Mike e ele soltou um "que foi?" Engraçado.Estávamos perto da casa de Alec e passando pela porta da casa de Matt, não evitei olhar para os detalhes internos e como estava diferente da última vez que a vi. Matt reparou meu olhar.- Saudades? - Sorriu convencido, seria um sorriso lindo, se não fosse dele. O ignorei andando mais de pressa acompanhando os outros.Matt poderia ser um insuportável, mas tinha sua beleza invejável. Ao chegarem na porta da casa de Alec, Mike foi o escolhido para bater. A mãe de Alec saiu, uma senhora bem vestida e da classe de burgueses do Bosque. Estranhou a presença de tantos jovens.- Sim?- Olá, senhora Williams, eu sou o Mike, amigo de seu filho
3 dias, minha mãe disse. Passei 3 dias desacordado, nesse meio tempo, mais desaparecimentos. Melídia veio me visitar, acompanhada de Mike, ele que não queria que ela seguisse sozinha por essas bandas. Meu ataque sofrido confirmou o que todos desconfiavam, os lobos voltaram, se é que tinham sumido. Matt também veio me visitar, para minha surpresa, minha mãe disse que achava plausível sua visita, uma vez que nos conhecíamos desde sempre.Eu ri, fazendo meu torso doer, Matt me odeia, disse pra ela.- Como foi? - Meu pai perguntou, sentando na cama e pondo uma mão na minha cabeça. Já havíamos nos acostumados com o frio, mas ele poderia ser fatal na minha situação.- Tinha 2, um negro enorme, eu quase não o enxerguei na tempestade de névoa, foi ele que fez isso...- Apontei para os meus ferimentos.- E o outro? - Relutei um pouco.- Bem... Eu já tinha o visto antes - Meu pai pulou
- Qual é o seu nome? - Antes que ele pudesse responder, ouvi gritos de guardas vindo com lanças afiadas e retirando espadas de suas bainhas. Ele poderia facilmente destroçar qualquer um ali, mas ele não o fez. Optou por sumir na neve. Alguns guardas o tentaram seguir, em vão.- Você está bem? - Disse um homem estendendo a mão pra mim, peguei sem pestanejar. Balancei a cabeça positivamente e levantei o olhar.- Levem ele para o castelo do Lorde Arvos.- Não precisa, eu estou bem, a minha casa é logo ali - Apontei.- É uma ordem - Dirigiu aos outros guardas, ignorando totalmente a mim e a minha subjeção. Em um instante, eu estava cercado por homens com armaduras, dois em minha frente e dois atrás, iniciando um percurso de retorno para a Aldeia. O povo me olhava receoso, como se eu tivesse cometido algum crime. Andamos até certo ponto, um pouco depois da praça, lá na frente, era uma carruagem que nos levaria até
Sem RevisãoSair do castelo durante a noite em que todos dormiam seria muito suspeito e poderia me custar uma noite inteira na prisão. Achei melhor esperar até o amanhecer e quando este chegou, não hesitei em dizer adeus ao Lorde. Ele mandou guardas me conduzirem, depois de me perguntar se eu gostaria de ficar para o almoço, eu recusei. Não vi o filho do Lorde desde a noite anterior e sinceramente, acho que isso foi uma coisa boa.Chegar atrasado na escola da aldeia não era algo comum pra mim. Melídia parecia cansada e Mike finalmente estava a seu lado, mas parecia apressado, como que já fosse em bora logo e assim o fez quando sentei perto dela.- Aconteceu algo?- Ele não vai ao baile comigo - Bufei em frustração, pensei um pouco sobre o que dizer e cheguei a uma conclusão.- Por que não vamos juntos? Tenho certeza que ele não iria se importar.- É, eu acho
Sem Revisão- Você não tá nem tentando! - O garoto gritou alto, me jogando no chão mais uma vez. Cansado, dolorido e com raiva. Matt parecia feliz em me jogar no chão de vez em quando, mas agora estava realmente impaciente. Era notável.- Eu não sei... fazer isso - Tentei levantar, mas senti uma dor no meu braço e logo levei a mão massageando o local. Enquanto eu gemia de dor, Matt simplesmente pegou suas coisas, seu casaco confortável e seguiu rumo à fora. Olhei ele sumir na entrada e me levantei em seguida. Merda. O que ele queria afinal? Me ajudar ou me treinar pra uma guerra?Encontrei ele no portão novamente. Ele estava parado, olhando pro caminho que seguia minha casa. Achei estranho seu comportamento, mas era justificável vindo de alguém como ele.- Por que sua casa é afastada da vila?- Meu pai perdeu a antiga casa no centro. Ele tinha muitas dívidas e você sabe, os impostos. Não
Sem Revisão- Eles estavam tão estranhos - Finalmente terminei de contar a Melídia o que havia acontecido entre mim e Matt e Alec, e por como eu passei por situações tão parecidas com ambos. Deitado sobre a cama da garota, observando seus traços enquanto ela terminava de se arrumar. Foi de sua própria insistência que eu contasse-lhe tudo antes de ir pra lá, pra não ir agindo de maneira estranha.Ela sorriu quando eu terminei de contar a história, olhou pra mim e pôs seu casaco mais confortável, também o mais bonito. Ela estava linda.- Garotos são estranho as vezes, John. Pronto? - A sua casa ficava perto do centro, mesmo assim, teríamos que andar alguns minutos até a praça. Foram minutos bem congelantes, ainda mais pra mim, que pela primeira vez, saía sem minha capa. Quando chegamos perto da entrada, enfeitada de diversas maneiras. Algumas pessoas instantaneamente nos encararam, com certeza olhavam pra Melídia e todo seu esp